
"Afasta de mim este cálice"
A Invasão das Financeiras e o Assédio Econômico sobre os Servidores Públicos de Porto Velho
O que estamos presenciando em Porto Velho é mais do que um simples incômodo istrativo: trata-se de um processo sistemático de invasão das financeiras , muitas delas ligadas a grandes conglomerados controlados por grupos econômicos bancos do sul-sudeste do país, ao sistema da folha de pagamento da Prefeitura. Este movimento, que se dá de maneira sorrateira e sem consentimento dos servidores, configura um verdadeiro assédio financeiro institucionalizado.
Mesmo quando não há margem consignável disponível, os servidores públicos municipais continuam sendo bombardeados com propostas de empréstimos, promessas de vantagens ilusórias e ofertas agressivas de crédito. A ausência de regulação efetiva por parte do poder público abre espaço para que o sistema financeiro atue com total liberdade, transformando o salário do trabalhador em moeda de especulação.
Sob a ótica político-econômica, esse processo revela um Estado enfraquecido, capturado por interesses privados e incapaz de proteger seus servidores da lógica predatória do capital financeiro. A máquina pública, em vez de servir como instrumento de garantia dos direitos sociais, torna-se meio de disseminação do endividamento e da precarização da vida.
Do ponto de vista social, essa realidade aprofunda desigualdades. Muitos servidores, já pressionados pela alta do custo de vida, pelos baixos salários e pela ausência de valorização profissional, veem-se forçados a recorrer a essas linhas de crédito como forma de sobrevivência. O que se apresenta como “vantagem” é, na verdade, uma armadilha: uma dívida contínua, cíclica e impagável, que limita a autonomia financeira do trabalhador e o mantém preso ao sistema.
Sob a perspectiva psíquica, os impactos são igualmente devastadores. O assédio financeiro constante gera ansiedade, estresse crônico e sensação de impotência. Muitos servidores relatam sintomas de adoecimento mental, como insônia, depressão e baixa autoestima, provocados pela constante insegurança financeira e pela perda de controle sobre seus próprios rendimentos. O salário, que deveria ser fonte de dignidade e segurança, torna-se motivo de angústia.
É urgente que se levante um debate público sério sobre a relação entre o poder público municipal e o setor financeiro. É preciso exigir transparência, proteção de dados e a imediata interrupção desse assédio financeiro disfarçado de "oferta de crédito". Além disso, é fundamental criar políticas de educação financeira crítica, voltadas à emancipação dos trabalhadores e à defesa de seus direitos.
Porto Velho não pode continuar sendo território livre para a exploração financeira. É hora de recuperar a soberania sobre o salário do servidor e garantir que o serviço público seja sinônimo de dignidade, e não de dívida.
Prof. De Assis Teixeira
Mestre em história e sindicalista.
E tenho dito.
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